terça-feira, 26 de abril de 2011

Bald Rock para os americanos, Boldró para os brasileiros


Fotos: Luciana Areas


 Você já deve ter ouvido falar que a palavra forró vem da expressão em inglês "For All" - para todos, em português. O termo surgiu durante a Segunda Guerra Mundial, quando os americanos tinham bases militares no nordeste brasileiro. Uma dessas bases foi justamente em Fernando de Noronha, próximo à praia do Boldró. Mas e esse nome, Boldró, será que tem alguma semelhança com o forró?

Vizinha do ponto mais alto de Noronha - o Morro do Pico - os soldados americanos a chamavam de Bald Rock, daí veio o nome "abrasileirado" – Boldró. E é fácil de entender o porquê dos americanos darem esse nome a ela. A característica marcante da praia é a formação rochosa que fica exposta durante a maré baixa. Uma pedra negra destacada na bancada que ajuda na formação das ondas do pico, procurado pela maioria dos surfistas.



Na maré alta, a correnteza e as pedras encobertas tornam o mar perigoso. As ondas podem chegar até cinco metros (dez/mar), a praia disputa a preferência dos surfistas com a Cacimba. Mas não esqueça de levar também máscara e snorkel: a maré baixa forma lindas piscinas de água cristalina com rica fauna marinha.

Feche seu dia, com muita emoção, se encantando com o pôr do sol no Mirante das ruínas do forte São Pedro do Boldró (século XVIII). O acesso é por uma estrada que passa dentro da vila do Boldró, onde também está localizado o Projeto Tamar. Deixo como dica O Bar do Fortinho do Boldró que oferece vários deliciosos quitutes, cervejinha gelada e o Bolero de Ravel como trilha sonora de um visual escandaloso, que ficará na sua memória para sempre.



segunda-feira, 25 de abril de 2011

A preservada e selvagem Atalaia

Fotos: Luciana Areas


A praia tem esse nome devido à Ilha do Frade à sua frente: assemelha-se a um monge ajoelhado, fazendo sentinela - significado da palavra atalaia. Muita gente questiona se vale a pena conhecer, diante de um leque tão amplo de praias cinco estrelas e passeios sensacionais.

Há diversos obstáculos que pesam na decisão: fazer uma trilha de uma hora (ida e volta) pelo caminho mais curto ou 5 horas pelo mais longo, que passa por duas piscinas naturais; permanecer apenas meia hora por lá; ficar atento à tábua de marés (as visitas só rolam na maré baixa e a praia abre em diferentes horários a cada dia); pagar pelo serviço do guia (a partir de R$ 25 por pessoa), alugar máscara e snorkel por fora (R$ 10 por pessoa), além de diversas outras restrições anunciadas pelo funcionário do IBAMA, que aguarda os grupos que chegam para conhecer o melhor da festa 

A sensação é de mergulhar em um aquário. Na verdade, na maré baixa é formada uma grande piscina natural, com cerca de 80 metros de profundidade. Centenas de peixes foram catalogados nessa minúscula praia, com águas absurdamente cristalinas. A conclusão é: praia da Atalaia, sem dúvida, é o que há de mais interessante e imperdível. Recomendo essa aventura!!

Baía de todos os peixes

 Fotos: Luciana Areas


O acesso não é difícil, mas só dá para chegar à Baía dos Porcos a pé, vindo da Cacimba do Padre, pela areia, na maré baixa, que permite alcançar um trecho de pedras. A recompensa é uma pequena praia com faixa de areia estreita e muitas pedras que formam piscinas de águas transparentes. O paredão altíssimo e a vista do Morro Dois Irmãos completam o visual de tirar o fôlego.

É uma das melhores praias para a prática do mergulho de apnéia.  Ver de perto raias interagindo com grandes peixes, como o Xaréu. Incontáveis tartarugas curiosas, gigantes moréias, cardumes de Barracudas. Um mundo completamente novo para ser descoberto. Qualquer mito sobre o mundo marinho é desfeito nos mares de Noronha.

O que dizer de um lugar, onde o temível tubarão é a atração principal, encontro desejado por qualquer pessoa que mergulha na ilha. E não é raro acontecer. Mas ninguém precisa se preocupar, não há registro de ataques por lá. Com uma natureza tão exuberante, porque o tubarão comeria carne de segunda, se ele pode comer um delicioso e suculento filé.

As piscinas naturais são incríveis. Não dá vontade de sair. E prepare a máquina fotográfica, a Baía dos Porcos é um cenário incrível, que rende lindas imagens.  Na volta, no caminho de pedras entre a Baía e a Cacimba, há um mirante que merece uma paradinha para contemplação.  

quarta-feira, 20 de abril de 2011

A cacimba dos sonhos

Fotos: Luciana Areas

A praia da Cacimba do Padre é dona do visual mais famoso da ilha: o morro Dois Irmãos, cartão postal de Noronha, chamado pelos ilhéus de 'tetas da Fafá de Belém'. Durante a maré baixa pode-se chegar facilmente a essas imponentes rochas vulcânicas. A praia é também a preferida dos surfistas, suas ondas são consideradas umas das melhores do país, tubos rápidos e perfeitos, o Havaí brasileiro. No verão, a praia é palco de diversos campeonatos de surfe. 
As temporadas são bem definidas em Noronha, a época para o surfe vai de dezembro a abril e para o mergulho de maio a novembro. O local é uma boa opção para o mergulho de apnéia, mas é preciso tomar cuidado com as correntes marítimas que podem ser perigosas para os menos experientes e até mesmo para quem já sabe mergulhar.
A Cacimba fica localizada entre a Baía dos Porcos e a praia da Quixaba, ambas magníficas também. O acesso mais fácil é de carro, por uma estrada de chão batido que leva ao meio da praia. 
Segundo os nativos, seu nome vem da estória de um capelão da colônia penal que funcionava na ilha, ter encontrado uma milagrosa fonte de água potável, que infelizmente já secou.
Com um mar azul piscina, areias claras e fofas e aproximadamente 480 metros de extensão essa linda praia não pode ficar de fora de seu roteiro em Noronha.  

quinta-feira, 14 de abril de 2011

De rara beleza

Fotos: Luciana Areas


A Baía do Sancho, está entre as dez praias mais lindas, segundo o ranking do Guia 4 Rodas. Ver, de cima das grandes rochas, o mar calmo e transparente é um convite irrecusável a um banho merecido, após descer escadas encravadas dentro de uma fenda. Uma experiência ímpar, com toda certeza. E ainda, na abertura da fenda, com a imagem do mar já completamente descortinada, dezenas de degraus que permitem a descida até a areia. Na volta, prepara o fôlego para a subida, que é intensa.


Apesar da água quente, característica das praias do nordeste brasileiro, a sensação do mergulho imediato é sublime. Bem no rasinho, as arraias se apresentam sem nenhum pudor. Logo, chegam os cardumes de peixes pequenos, delicados e coloridos. Quanto mais se adentra ao mar, mais encontramos vida. Moréia, tartarugas, peixes de diversas cores, polvo e até tubarão de diferentes espécies. É necessário apenas uma máscara de snorkel para a diversão estar garantida.


O passeio ainda conta com mirantes vertiginosos, que presenteia o turista com paisagens de extrema beleza. Pode reservar uma manhã inteira para o passeio. E se chegar cedo, passe antes no mirante dos golfinhos. Eles sempre dão o ar da graça.  Recomendo fazer a trilha antes do alvorecer. O percurso é de aproximadamente 1 km, passando por trecho de mata nativa. 

O destino final é um paredão de 60 metros de altura, onde é possível observar o comportamento dos Golfinhos Rotadores, após terem ficado a noite toda se alimentando em alto mar. 

Este local conhecido como “Baía dos Golfinhos” foi escolhido por esses mamíferos como área de descanso e acasalamento. Além dos golfinhos, a paisagem e o alvorecer das aves marinhas são um show a parte.     






Os mais lindos cenários do Brasil

Fotos: Luciana Areas


Os moradores de Fernando de Noronha dividem as praias da ilha entre “mar de dentro” e “mar de fora”. Quem vai pela primeira vez estranha um pouco, mas isso apenas indica a direção das praias, noção fundamental, e possível de perceber logo no primeiro dia. A maioria das praias fica no mar de dentro. São os principais atrativos: Cacimba do Padre, Baía dos Porcos, Baía do Sancho, praias da Conceição e Boldró.

Para quem tem pouco tempo na ilha, dá para fazer o circuito de praias em três dias. Mas se prepara para a frustração de deixar a ilha da fantasia tão cedo. Certamente, ficará com gostinho de quero mais, muito mais. Para conhecer tudo e ainda repetir várias vezes o que mais gostou, o mínimo deve ser dez dias.  


É difícil achar alguma coisa feia ou sem graça neste santuário. Se da Terra só se vê beleza, o que dizer das cores e vidas encontradas no fundo do mar. Um outro universo a ser descoberto e desbravado, através dos mergulhos de garrafa ou simplesmente com snorkel por cima dos corais. Interagir com peixes, nadar ao lado das tartarugas, brincar, no fim da tarde, de alimentar os atobás e fragatas famintas são as experiências, únicas e inesquecíveis, que os visitantes levam desse mágico lugar.

 No mar de fora , as correntes e rochas tornam o banho mais perigoso. Mas também existem lugares incríveis como a Praia do Atalaia, Baía do Sueste e Praia do Leão para desfrute dos banhistas. 

Errou quem pensa que em Noronha só tem praias. O arquipélago encantado também já fez História. Foi a primeira capitania hereditária do Brasil, doada por D. Manuel I a Fernão de Loronha, de onde vem o nome da ilha. Sofreu invasões de ingleses, franceses e holandeses até voltar definitivamente à  Coroa Portuguesa em 1737, ficando dependente da capitania de Pernambuco. Como proteção às novas investidas estrangeiras, foram construídos os fortes da Ilha. 

Fernando de Noronha foi ainda colônia penal e, no regime militar, já serviu de isolamento de presos políticos, como Miguel Arraes, ex-governador do estado de Pernambuco. Em 1942, tornou-se território federal e, pela Constituição de 1988, foi transformado em distrito estadual de Pernambuco. No mesmo ano, foi criado o parque Nacional Marinho. Em 2001, o santuário foi classificado como Patrimônio Mundial da Humanidade. Um caminho de sucesso conquistado com mérito, por tanta beleza e preservação do meio ambiente. Considero esse um destino nota 10!    

terça-feira, 5 de abril de 2011

A emocionante chegada

Fotos: Luciana Areas

Toda viagem começa na escolha do destino. Quando a opção é Fernando de Noronha, pode significar a realização de um grande sonho.  A aventura começa a bordo do avião, das empresas Trip ou Gol, apertado e abafado. A ansiedade aumenta quando o avião decola e o continente (de Natal ou Recife) se afasta, até sumir, e o mar imperar na única cena possível de ser contemplada num vôo de apenas uma hora. Mas, a paisagem que descortina, quando se sobrevoa o arquipélago de Fernando de Noronha, compensa qualquer sacrifício. Visto lá de cima, o visual do mar, das falésias e das formações rochosas, como o Morro do Pico (a "bússola" dos turistas, com 312 metros de altura), aumenta a vontade de pousar logo e vivenciar toda aquela maravilha de perto.

Logo no desembarque, a sensação é de sonho realizado. Na saída do aeroporto, as paisagens começam a entregar toda a beleza e emoção prometidas, quando a viagem ainda estava sendo programada no Rio de Janeiro.

Os turistas, principalmente os de primeira viagem, encaminham-se eufóricos para a recepção do aeroporto e recebem um formulário para preencher informações, como local de hospedagem e data de permanência. Ai vem a parte que dói no bolso. Os passageiros se dirigem para a fila dos guichês para pagar a taxa de preservação ambiental, que não é nada barata. Ainda mais agora que a tabela de preços sofreu reajuste. A Secretaria da Fazenda do Estado de Pernambuco anunciou um aumento no valor em 5,63%. Em 2011, a diária na ilha passou a custar R$40,40 - contra R$38,24 cobrados em 2010.

Também é possível pagar a taxa com antecedência pelo site www.noronha.pe.gov.br, o que evita enfrentar filas. Afinal, o tempo na ilha é valioso demais. O ideal é não desperdiçar nem um segundo.  

Na saída do aeroporto é muito comum encontrar bugres (leia-se taxis), que levam os turistas até o local da hospedagem. Mas para quem quer economizar, existe também a opção de encarar o ônibus, transporte que faz paradas por toda a ilha.

Duas dicas importantes: Vila dos Remédios é, sem dúvida, a melhor opção para quem quer ficar perto do comércio, de restaurantes, noitadas, etc. As pousadas domiciliares são as mais procuradas. Os estabelecimentos oferecem suítes simples, com preços modestos, mas que possuem TV, ar-condicionado e frigobar.  Satisfatório para quem precisa da pousada apenas para descansar o esqueleto das caminhadas e mergulhos feitos durante todo o dia.

Eu indico a Pousada dos Golfinhos. A Graça, dona da pousada, faz jus ao nome. Deixa o hóspede completamente a vontade, como se estivesse em casa. Além de todo o carinho que oferece, ela ainda consegue bugre para alugar, visando o conforto de seus hóspedes. O contato dela é (81) 3619-1837.

Reserve uma quantia para o bugre. Ele vai ser necessário, se não quiser perder tempo. O ônibus não leva às praias, deixa apenas próximo, na única rodovia da Ilha.  Todos os demais caminhos são de terra. Portanto, se não tiver a fim de comer poeira e caminhar bastante debaixo de sol, não deixe de fazer esse investimento.

Os próximos momentos são de pura descoberta. Desbravar a ilha, que é muito pequena, é a chance de desvendar os mistérios e a beleza da terra e do mar.  

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O Paraíso é aqui!


Fotos: Luciana Areas



Essas foram as palavras do navegador italiano Américo Vespúcio para definir o arquipélago vulcânico de Fernando de Noronha, ao lá aportar, em 1503. Esse também é o pensamento dos visitantes que chegam diariamente à ilha, isolada no Oceano Atlântico, e que ficam deslumbrados com as areias douradas, o mar que mescla cores em tons de azul turquesa e verde esmeralda, os corais, a vida marinha esplendorosa e as formações rochosas de origem vulcânica.

 
Do tempo do desbravador para os dias atuais, a ilha se desenvolveu bastante. Com o título de Patrimônio Mundial da Humanidade, recebido em 2002, e com o apoio do governo brasileiro para o ecoturismo, o lugar se modernizou e foi considerado o paraíso mais preservado do país, tornando-se um parque nacional marinho.

Outro ilustre visitante, que ficou encantado pelas belezas da ilha, e por sua rica fauna marinha, foi o naturalista Charles Darwin, que relatou suas observações ao fazer uma rápida parada durante sua expedição rumo à Galápagos.

Eles tinham razão. Noronha é mesmo um sonho, com direito a mergulhos profundos e coloridos, golfinhos rotadores por toda a parte e praias maravilhosas.  A fauna – só no céu são mais de 40 espécies – dá vida às paisagens paradisíacas da ilha. É embarcar em um passeio de barco que repentinamente aparecem golfinhos fazendo acrobacias. Nas praias, seja na imperdível Baía do Sancho ou na cênica Atalaia, tartarugas dão o ar da graça.

O arquipélago, formado por 21 ilhas, é uma verdadeira filial do Éden a 545 km do Recife ou 360 km de Natal. Não foi por acaso que Noronha tornou-se um dos destinos mais procurados do mundo. Sua beleza fascina até mesmo os menos chegados ao mar. Quem nunca imaginou conhecer de perto esse oásis, que parece perdido em meio a imensidão azul?